terça-feira, 12 de maio de 2009

ADVOGADO DO SINDICATO AVALIA NEGOCIAÇÃO COLETIVA


Iniciado no dia 8 de abril, o acordo coletivo 2008-2009 dos rodoviários de Itabuna e região ainda não conseguiu um ponto final, mesmo depois que a categoria promoveu uma paralisação de advertência de 1 hora e meia. O advogado Iruman Contreiras, que presta assessoria jurídica para o Sindicato dos rodoviários, explica os principais entraves da negociação:

Pergunta : Quais são as principais reivindicações?
Resposta – Recuperar as conquistas que os rodoviários tinham na década de 80, quando recebiam hora extra de 100% e o salário (folha de pagamento) representava cerca de 70% do custo operacional do sistema. Hoje, as despesas com a remuneração da categoria são inferiores a 30 por cento do custo do sistema.


P. Qual a situação da categoria nos últimos dez anos, o Sr fez algum levantamento?
Resp – Tivemos perdas salariais absurdas. Enquanto a tarifa cresceu mais de 400% o salário foi reajustado em apenas 78%. São perdas absurdas em apenas uma década.

P. Em outras cidades do mesmo porte a situação é a mesma?
Resposta- Em nenhuma. A exceção de Ilhéus, em Conquista, Feira de Santana e Camaçari os salários são bem maiores que os nossos.

P. Os empresários do setor de transporte ofereceram até agora 4%. Isso esta longe do que a categoria almeja. O sr acha que haverá greve?

Resp. Olha, a greve, se ocorrer, não é decorrência da proposta salarial - irrisória por sinal - mas fruto da intransigência patronal que nos últimos dez anos só acumulou lucros e agora se recusa a compartilhar parte desses lucros com os trabalhadores do setor,seja através do salário, mas seja través da melhoria das condições do trabalho, seja através de investimentos no trabalhador (alimentação, seguro de vida, auxilio creche, fardamento etc). Um acordo coletivo não é decido apenas pela questão salarial, existem outras reivindicações que também pesam pois são importantes para o bem estar dos trabalhadores.,



P. A questão da hora extra tem sido um problema. As empresas nunca pagam corretamente. Como ficou esta parte da negociação?

Resp. Além de pagar pouco ainda há a sonegação. Em empresas como São Miguel e Rota, o trabalhador acorda 4 manhã e só é liberado do trabalho às 10 da noite, porém não recebe uma única hora extra, pois as empresas só querem computar como jornada o tempo que o trabalhador fica dentro do ônibus. As horas que ficam, na garagem ou em casa a disposição esperando o horário para continuar a viagem não é computado.


P. As empresas descontam quando o cobrador era vítima de assalto. Essa cláusula continua?

Resp. Neste acordo nós vamos acabar com esta pouca vergonha,. O risco da atividade é do dono do negócio e não do trabalhador. Nos acordos anteriores o trabalhador tinha que provar que não era culpado do roubo para não ser penalizado. Agora é diferente, a empresa é que vaio ter de fazer a prova de que o trabalhador teve culpa no assalto, se não fizer, vai assumir o ônus (prejuízo do assalto sozinha).


P. Outro problema tem sido quando o motorista fica de plantão e não tem esse tempo computado a disposição como deveria ser para fins de remuneração. Isso foi resolvido?

Res. A jornada do trabalhador agora é única, se iniciada vai até o fim, nada de intervalo de 4 hs entre uma jornada e outra como aconteceu nos últimos dez anos. Existe uma tal de “tri pegada” que o trabalhador trabalha das 04 da manhã até as dez da noite e nem sequer chega a completar a jornada de oito horas, ficando ainda devedor de duas horas para a empresa.

P. Dr. Iruman, como o senhor avalia essa campanha depois de dez anos de perdas da categoria?

Este é um momento singular na vida da categoria, depois de 12 anos de acordos vendidos, de negociações pelegas, sempre fazendo o jogo do patrão vamos ter um acordo coletivo que assegure ao trabalhador conquistas, além daquelas que a própria lei lhe assegura.





Maio/2009
Mais informações com Alessandra 3613.0477

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